Carlinhos 7 Cordas, um dos melhores musicos de 7 cordas do genero samba
Músico de primeira
linha e dos mais requisitados, Carlos Moraes, conhecido como Carlinhos 7
Cordas, recebeu dia 01/10 (segunda-feira) à noite, na quadra da
Viradouro (Av. do Contorno 16, Barreto, Niterói), o título de Cidadão
Niteroiense. A entrega foi feita durante o Samba da Beltrão.
UM POUCO DA PERFORMANCE
Década
de 70. Dois meninos soltam pipa na Rua Jorge Rudge, em Vila Isabel, e
encontram um violão jogado ao lixo. Brincaram um pouco com a novidade e
um deles resolveu levar o instrumento para casa. A mãe reprovou no ato:
“Joga isso fora!”, disse, e bastou o garoto dormir para acordar sem o
violão. Chorou muito, extremamente magoado, e acabou ganhando outro,
novinho, no sábado seguinte. Assim começaram os acordes na vida de
Carlinhos 7 Cordas. MINEIRO DE LEOPOLDINA
Carlos
Moares dos Santos nasceu em Leopoldina, Minas Gerais, em 1966. Aos seis
meses, foi trazido para o Rio e cresceu embalado pelos discos de Nelson
Gonçalves, Vicente Celestino, Silvinho, Anísio Silva, Nubia Lafaiete e
Angela Maria. Sua mãe, Eunice Maria Moraes, gostava de cantar e o pai, o
marceneiro Geraldo dos Santos, era flautista. Ambos promoviam reuniões
em família tendo a seresta como trilha sonora. Aos nove anos, com seu
violão verde, Carlinhos foi estudar com o professor Sebastião. As aulas
aconteciam em uma igreja batista e também em casa. No ano seguinte,
Sebastião disse à Eunice que já ensinara tudo o que sabia ao menino e a
orientou a matriculá-lo na Villa-Lobos. O método utilizado na escola,
porém não atraiu Carlinhos. Era muita teoria e pouca prática. Naquela
época, já flertava com o samba e ouvia muito Roberto Ribeiro, João
Nogueira e Beth Carvalho.
Foi quando entrou em cena um vizinho, o
violonista Luiz, músico de choro, estilo reconhecido pela complexidade
melódica e harmônica. Com ele, além de desenvolver sua habilidade,
Carlinhos pôde conhecer outros grandes músicos:
-- Sempre me
identifiquei mais com o samba, mas o choro é muito importante para a
formação do músico brasileiro. Exige muita dedicação. Pelo 'seu' Luiz
conheci Dilermano Reis, João Pernambuco, Conjunto Época de Ouro. Fui
influenciado por ele a comprar meu primeiro violão 7 cordas. Eu tinha 15
anos! O FILHO E A MÚSICA
Aos
22, Carlinhos entrou no CIGAM -- Centro Ian Gest de Aperfeiçoamento
Musical --, onde teve aulas com o próprio Ian e com Marisa Gandelman.
Nos anos 80, fez parte da Banda Tropical tendo acompanhado ícones do
samba como Marquinhos Sathan, Reinaldo, Jovelina Pérola Negra, Almir
Guineto e Toninho Gerais. Quando tocava com Nelson Rufino, no início da
década de 90, foi visto por Beth Carvalho e convidado a participar de
uma gravação da cantora. Acabou conquistando espaço na banda, da qual
faz parte há 23 anos.
Ao longo de sua carreira, Carlinhos se
apresentou em 28 países acumulando em torno de 4 mil gravações. Sua
virtuosidade o fez subir aos palcos acompanhando também outros nomes da
música popular brasileira, como Moraes Moreira, Maria Bethânia, Simone,
Ivan Lins, Chico Buarque, Ana Carolina, Seu Jorge, Lobão, Fernanda
Abreu, Vanessa da Mata e Maria Rita.,Zeca pagodinho e entre outros varios artistas do cenario do samba
Cita como suas principais
referências Dino 7 Cordas, Valdir Silva, Paulão 7 Cordas, Rildo Hora e
Ivan Paulo. Produziu diversos discos e de todas as emoções que a música
já lhe proporcionou destaca um momento vivido em festa na casa de um
amigo: o filho Hudson tocando ao seu lado informalmente, em completa
sintonia.
-- O músico precisa ter identidade própria. Esse é o
diferencial. Eu nunca forcei meu filho a seguir meus passos. O grande
barato está aí! Ele mesmo escolheu seu caminho e criou a sua identidade,
seu som. Poder ver que ele tem personalidade própria e é motivo de
muito orgulho para mim!”
SOB AS BÊNÇÃOS DO “PADRINHO” NEI LOPES
Aos
16 anos, Carlinhos estagiava em uma agência da Caixa Econômica Federal,
na Av. Almirante Barroso, no Centro do Rio de Janeiro. Certa vez,
voltando para casa com o amigo Davi, parou no Bar do Tuninho, na Rua
Jorge Rudge. Ali estavam o compositor e escritor Nei Lopes, mais novo
ilustre morador do logradouro, e os compositores Carlão Elegante e
Garça, também violonista. Tuninho contou onde Carlinhos trabalhava
sugerindo que fizesse o favor de pagar um boleto do próximo show a ser
promovido por Nei Lopes no Sesc.
-- O Nei criou o “Corre Pra
Sombra”, uma roda nesse bar. Muito músico bom parava lá. Camunguelo,
Cláudio Jorge... Ali tive a oportunidade de tocar acompanhando o senhor
Aluizio, que fora professor de violão do Cartola; Padeirinho; Geraldo
Babão; Dondon; Anescarzinho; Dauro do Salgueiro. Jamelão, que também
morava na Jorge Rudge, volta e meia passava lá, mas não costumava parar.
Uma vez parou. Gostava de quinado com creme de ovos. O clima estava tão
bom que ele ficou e cantou todo seu repertório -- conta o músico.
A
partir daí, Carlinhos passou a acompanhar Nei Lopes tocando violão 7
cordas ou cavaco. Confessa que gostava de conviver com aquele grupo de
músicos/compositores e que, por ser ainda muito jovem, somente aos
poucos despertou para o privilégio dessa convivência.
O primeiro
espetáculo que Carlinhos participou como músico profissional foi
"Kizomba", grande festa promovida por Martinho da Vila no Pavilhão de
São Cristovão. Foi indicado por Nei Lopes.
-- Nei Lopes é o meu
padrinho musical. Ele pedia ao meu pai para me levar aos sambas. Até
hoje, guardo um chapéu de aba curta que ele deu ao meu pai. Naquela
época, todo sábado tinha festa na casa de alguém. Eu era novo e ia muito
à casa do Wilson Moreira por conta da parceria deles. Era bacana porque
eu conhecia vários sambas, mas não sabia que eram de autoria deles!
Admiro muito o Nei, não só por sua música mas também por sua
integridade,sua postura.
Carlinhos sempre alimentou o sonho de
ser militar e por três anos, foi fuzileiro naval até que a música falou
mais alto. É sempre citado como referência, tanto entre músicos da nova
geração quanto entre seus contemporâneos. Do tipo boa praça, acumula
boas histórias pra contar e, a partir de 01/10/2012 é o mais novo
Cidadão Niteroiense. De Minas Gerais para o mundo, sob as bênçãos do
padrinho Nei Lopes, segue Carlinhos 7 Cordas
emprestando seu talento à cultura nacional. Um legítimo Cidadão Samba... em tom maior
ESSA MUSICA É TOP
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